QUERIDA EESTIMAA,
2023Performance
30min
“Querida eestimaa (solo estónio),
Já passou cerca de um mês desde a última vez que senti a tua frescura entre os dedos dos meus pés, o teu perfume dentro dos meus pulmões, a tua ternura a acomodar o meu peso. Trinta e dois dias podem, de facto, não parecer muito, mas cada minuto sofre pesa mais com a saudade do que o anterior. Percorro as ruas radiantes desta cidade coberta de betão, vibrando de alegria e energia, e recordo os teus longos bosques verdes e o teu solo suave. Vejo as partículas de sujidade que se acumulam nas fendas dos passeios e pergunto-me se não serão teus filhos, enviados a mim pelo vento suave. Vejo as ervas daninhas que irrompem pelas bermas das ruas e sonho que as suas raízes se ligam às tuas. Estou ansioso por voltar a encontrar-vos. Até lá, encontro conforto no chão, pois sei que a sua profundidade me ligará para sempre à tua.
Já passou cerca de um mês desde a última vez que senti a tua frescura entre os dedos dos meus pés, o teu perfume dentro dos meus pulmões, a tua ternura a acomodar o meu peso. Trinta e dois dias podem, de facto, não parecer muito, mas cada minuto sofre pesa mais com a saudade do que o anterior. Percorro as ruas radiantes desta cidade coberta de betão, vibrando de alegria e energia, e recordo os teus longos bosques verdes e o teu solo suave. Vejo as partículas de sujidade que se acumulam nas fendas dos passeios e pergunto-me se não serão teus filhos, enviados a mim pelo vento suave. Vejo as ervas daninhas que irrompem pelas bermas das ruas e sonho que as suas raízes se ligam às tuas. Estou ansioso por voltar a encontrar-vos. Até lá, encontro conforto no chão, pois sei que a sua profundidade me ligará para sempre à tua.
— Inês”
(excerto da performance)
Esta performance apresenta-se como uma carta de amor ao piso estónio, através de elementos simbólicos específicos ao lugar que me foi casa por 4 anos. Durante uma viagem repleta de fascínio, alegria, tristezas, e despedidas, relato verbalmente o meu fascínio pela neve que brilha como purpurina, pelo gelo agreste que corta a pele, ou os tons de rosa, azul e violeta pintados pelo sol. Sem nunca tocar com os pés no chão, e resistindo à gravidade e desiquilíbrio que me puxam para a realidade, agarro-me à fantasia de uma casa perdida que existe agora apenas na memória.
