OCUPAÇÃO DO CHÃO CORPÓREO — A CONSCIÊNCIA DO
ESPAÇO BIOGRÁFICO 2
2014Vídeo, 5:03
Projeto de Mestrado: Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto
Autor: Marília Ribeiro (PT)
Supervisor: Paulo Luís Almeida (PT)
Performer: Inês Nêves (PT)
Coreógrafas: Inês Nêves (PT) e Cláudia Eiras (PT)
“Ocupação do chão corpóreo explora estratégias de representação visual da relação
entre o corpo e o espaço vivido.
Confrontada com a problemática da representação do espaço na sua relação com o
próprio corpo, sentimos a necessidade de equacionar esta relação de um modo
menos literal e assente em fundamentos biográficos. (...)
A relação corpo-espaço é desencadeada em dois momentos: o primeiro, de
natureza protocolar, reflete a imagem mental que quatro indivíduos têm dos seus
espaços biográficos, em que o mapa é usado como registo do espaço e como
instrução da ação. O segundo, de carácter performativo, fundamenta-se nas
imagens e descrições antecedentes, e inscreve-a em novas significações mediante
desenhos e movimentos coreográficos traçados no chão.”1
“Desenhos de mapas e coreografias são entendidos como performances, onde se torna possível visualizar os mapas desenhados pelos movimentos do corpo. Pretende-se que as relações exploradas entre o corpo e o espaço biográfico permitam novos modos de entendimento, vendo-os como uma unidade indissolúvel e não como duas realidades articuladas. (...) Num sentido amplo, estes mapas documentam pessoas que interagem com os seus ambientes e mapeiam essa mesma interação. O mapa é entendido como visualização de uma experiência vivida, mas também como notação para o movimento. O espaço biográfico resulta da construção de uma consciência do corpo e do mapa, porque há uma procura do próprio espaço no lugar do corpo.”2
“Desenhos de mapas e coreografias são entendidos como performances, onde se torna possível visualizar os mapas desenhados pelos movimentos do corpo. Pretende-se que as relações exploradas entre o corpo e o espaço biográfico permitam novos modos de entendimento, vendo-os como uma unidade indissolúvel e não como duas realidades articuladas. (...) Num sentido amplo, estes mapas documentam pessoas que interagem com os seus ambientes e mapeiam essa mesma interação. O mapa é entendido como visualização de uma experiência vivida, mas também como notação para o movimento. O espaço biográfico resulta da construção de uma consciência do corpo e do mapa, porque há uma procura do próprio espaço no lugar do corpo.”2
1 Marília Ribeiro, sumário a Ocupação do Chão Corpóreo (Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto: 2014), 63.
2 Ibid., 63.
2 Ibid., 63.
PRIMEIRA FASE: texto biográfico de Lídia Azevedo
“(...) a série de quatro performances, nomeada A
consciência do espaço biográfico, preparou-se consoante as especificidades de
movimento de cada solo, tendo em atenção o texto biográfico entregue aos
intérpretes e a personalidade de cada um dos indivíduos.”1
1 Marília Ribeiro, Ocupação do Chão Corpóreo (Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto: 2014), 47.
2 Ibid.
1 Marília Ribeiro, Ocupação do Chão Corpóreo (Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto: 2014), 47.
2 Ibid.
A consciência do espaço biográfico 2 explora o espaço biográfico de Lídia Azevedo. O texto biográfico foi interpretado através de palavras-chave, que foram então reflectidas e comunicadas através de coreografia. “(...) explora <<esticar>> e
<<torcer>> como qualidades de movimento, com o uso do corpo todo, ainda que
os braços e as pernas percorram diferentes direções que identificam a comunicação e ponderação como palavras-chave da personalidade do indivíduo que é aqui
explorado.”2
SEGUNDA FASE: espaço biográfico de Lídia Azevedo
“ Os movimentos são gravados e as marcas são lidas como testemunho de uma sequência de passos, de um percurso. As marcas geradas pelos movimentos como resultado de um processo de caminhar dançando não são exatas localizações geográficas, mas interpretações de um espaço próprio usado pelo próprio corpo, pelo que se torna óbvio que algumas secções do percurso desenhado e gravado em vídeo produzam marcas com traçados e forças distintas.
Estes desenhos podem ser entendidos como constituintes de notações, mas de notações criadas espontaneamente: o percurso é mapeado, mas não usando a notação cartográfica pré-determinada para descrever o território. Em vez disso, o caminho gera-a e cria a sua própria representação na dança. Assim como assim, o papel dos intérpretes é o de intermediário que facilita a tradução do ambiente visível no desenho para as marcas registadas pelo movimento nas performances.”3
3 Ribeiro, Ocupação (2014), 53.