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EM TRADUÇÃO

17/2021 — em curso



Projeto de performance multidisciplinar
Em colaboração com o artista sonoro Stefano Matozzi (IT)




          
           Processos criativos nascem da metabolização de uma experiência estética através da percepção. A percepção individual de cada experiência é influenciada por memórias, associações, qualidades corporais e conhecimentos prévios. Apenas podemos verdadeiramente conhecer algo “através de um processo de auto-descoberta”,1 pelo que para conhecermos algo, devemos tentar penetrar o seu universo, e permitir que penetre o nosso. Deste modo, a “percepção” pode ser abordada através do conceito de “reconstituição” ou desconstrução da realidade em pensamento, e pensamento em realidade. Para criar, não devemos compreender apenas a fisicalidade dos materiais com que trabalhamos, mas também a nossa própria materialiade ao transferir algo de nós para o visível, audível ou tangível.

Em tradução é um uma exploração orientada ao processo entre dois indivíduos (ou criativos) e diferentes meios como som, movimento e desenho. A partilha criativa é vista como um sistema de comunicação que nasce da metabolização de uma experiência estética comum, implicando a expressão do que não pode ser materializado de outra forma: a tradução de percepções, interpretações e impulsos para a manipulação física de matéria através de gestos e traços. Composto por um ciclo de impulsos e percepções, o corpo coletivo reconstituido é explorado como uma espécie de máquina que transforma realidades. Ao transpor artes visuais, performance e som para um espaço comum, cada gesto influencia o outro ao criar uma base de dados de narrativas. De-compomos e re-unimos matéria — revelamos realidades-alteradas em traduções — questionando por fim a natureza da percepção humana, do mundo objetivo e da tecnologia.

1 Tim Ingold, Making: Anthropology, Archaeology, Art and Architecture (Abingdon: Routledge, 2013), 1.




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